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Recuperar a confiança

10-02-2009 15:16

 

Recuperar a confiança

Folha de São Paulo,Janela, 08/fev 

 

A grande expectativa do setor da construção era a de que o prometido pacote habitacional do governo seria lançado no início de janeiro. Houve sucessivos adiamentos. Espera-se que seja implementado rapidamente, após seu anúncio, prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a próxima semana.

Independentemente do pacote, um aspecto fundamental para alavancar a construção imobiliária em 2009 será a retomada da confiança, abalada desde setembro, quando a atual crise financeira mundial começou a se fazer sentir por aqui.

Neste segmento, a falta de confiança tem permeado uma parcela dos investidores, dos empreendedores e dos potenciais adquirentes de imóveis. Antes do pacote habitacional, o governo já havta adotado diversas medidas para proporcionar financiamento às construtoras, além de manter o crédito imobiliário dirigido aos candidatos a mutuários e até baixar os juros nas faixas menores de renda.

Necessárias, as medidas foram bem recebidas, mas, por si só não bastam e requerem outras providências. Em função da crise, tanto os bancos privados como a Caixa e o Banco do Brasil passaram a exercer um rigor maior nas concessões de crédito. Clientes tradicionais como diversas construtoras se viram repentinamente obrigados a preencher novas exigências burocráticas para a obtenção de financiamentos.

A cautela tem explicação, mas é preciso que as instituições financeiras, especialmente as ligadas ao governo, não se utilizem deste pretexto para voltarem a dificultar o crédito destinado à construção, o que seria um retrocesso.

Outro fator fundamental para o restabelecimento generalizado da confiança é a queda nos juros. O governo poderia perfeitamente reduzir o tempo entre as reuniões do Copom que deliberam sobre a taxa básica e voltar a cortá-la de maneira significativa, sinalizando viés de baixa.

Quanto mais ágil for o governo, mais rapidamente a economia terá condições de se recuperar. Construtoras e incorporadoras estão prontas a retomarem os lançamentos de empreendimentos que haviam sido adiados. A demanda dos potenciais adquirentes de imóveis está mantida.

Ainda é cedo para prever se a construção imobiliária terá condições de repetir o recorde de 299 mil unidades habitacionais financiadas com recursos da Poupança em 2008. Mas quanto mais cedo o segmento se recuperar, mais rapidamente chegaremos próximos a este número.

De outro lado, apesar de entidades de fabricantes de materiais de construção afirmarem que os preços cairiam, a alta de 0,44% no valor médio desses insumos no Estado de São Paulo foi integralmente responsável pela elevação de 0,21% no CÜB (Custo Unitário Básico) da construção civil paulista em janeiro.

Hntre os materiais cujos preços mais subiram estão o cimento a granel (aumento de 12% pela maior fornecedora do Estado), a brita (+3,19%), a areia (+2,29%) e o concreto (+1,6%). Estes e outros 17 insumos também apresentam elevações muito superiores ao IGP-M no acumulado dos doze meses terminados em janeiro.

Aumentos como esses, na atual crise e frente à necessidade de resgate da confiança, são injustificáveis e só vão servir para elevar desnecessariamente o custo da construção.

 

 

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